quarta-feira, 10 de abril de 2013

E por que não?




Então o sujeito se sentiu mais solitário que um taxista na madrugada.
Tão sozinho quanto à pessoa que fecha um teatro após um espetáculo de casa cheia.
Nenhum email na caixa de entrada, ninguém lhe batendo a porta e pelo correio nada mais que as contas de todos os meses.
Mas ele quis assim. Preferiu dessa forma.
Achava que estava vivendo num circulo de convivências artificiais demais e pirou.
E a vida é assim mesmo. Piramos.
Porque muitas vezes esquecemos de dar valor a pequenas coisas, que juntas, nos fazem felizes. E quem não quer ser feliz? Até uma formiga é feliz amealhando rotos pedaços de folhas que lhes serão úteis no inverno.
O maior dos problemas é olhar a felicidade alheia e imaginar que aquilo nos cabe. Sai sob medida, como um calçado ou uma roupa. Nem sempre o que reluz na vida de quem passa perto faz sombra no que possa ser uma razão pra ser feliz.
O ser humano é tão mesquinho que manda um abraço a um metro de distância quando se despede. Custava dar o tal abraço? O beijo? Pois é, deve ser fora de moda, brega, esquisito. O que dirá o CQC se te pegar na rua dando abraços ao invés de desejá-los apenas?
Essa preocupação excessiva quanto ao que os outros vão dizer é morfética.
Está na hora de se lixar pra tudo isso, para as regras que a nova onda social impôs. Se lixar pra isso tudo ainda se faz necessário nesse mundo ou tudo acaba numa introspecção absurda. E logo alguém que se mostra “muito preocupado” contigo vai dizer que você está em num processo de depressão profunda e te indica um médico. E tome remédio! Ainda bem que nesses casos não recomendam supositórios...
Faz tempo que o melhor da vida é viver.
Mas faz muito mais tempo que o ser humano esqueceu de viver. De querer, de desejar, de sentir e até de amar. Diz eu te amo como quem pede um lanche no bar da esquina. Prefere as coisas mais estranhas e esconde o que de melhor possui: o sentimento.
Escutar uma música e deixar fluir pensamentos é muito bom aos vinte e aos sessenta. Onde está a diferença? Talvez no gosto musical, sabe-se lá, mas música é música e ela existe pra tanto, pois alguém que um dia a compôs o fez deixando o sentimento aflorar.
Nesse ponto não tenho qualquer complexo.
Me sinto feliz até mesmo com a espera de ter aquilo que mais quero e me faço feliz pensando.
Evoluo colhendo o que plantei, ainda que tenha plena certeza que a colheita nem sempre é abundante porque depende demais do plantio.
Sou chato sim, assumo.
Mas ninguém é perfeito.
E sou daqueles que abre a porta do carro, dá lugar na mesa e paga a conta.
E se um desses babacas politicamente “incorretos” vier me chamar de otário a eles dou de presente uma banana e um belo foda-se pela cara adentro.
Por que não?

Nenhum comentário: