Então o sujeito se sentiu mais solitário que um taxista
na madrugada.
Tão sozinho quanto à pessoa que fecha um teatro após um
espetáculo de casa cheia.
Nenhum email na caixa de entrada, ninguém lhe batendo a
porta e pelo correio nada mais que as contas de todos os meses.
Mas ele quis assim. Preferiu dessa forma.
Achava que estava vivendo num circulo de convivências artificiais
demais e pirou.
E a vida é assim mesmo. Piramos.
Porque muitas vezes esquecemos de dar valor a pequenas
coisas, que juntas, nos fazem felizes. E quem não quer ser feliz? Até uma
formiga é feliz amealhando rotos pedaços de folhas que lhes serão úteis no
inverno.
O maior dos problemas é olhar a felicidade alheia e
imaginar que aquilo nos cabe. Sai sob medida, como um calçado ou uma roupa. Nem
sempre o que reluz na vida de quem passa perto faz sombra no que possa ser uma razão
pra ser feliz.
O ser humano é tão mesquinho que manda um abraço a um
metro de distância quando se despede. Custava dar o tal abraço? O beijo? Pois
é, deve ser fora de moda, brega, esquisito. O que dirá o CQC se te pegar na rua
dando abraços ao invés de desejá-los apenas?
Essa preocupação excessiva quanto ao que os outros vão dizer
é morfética.
Está na hora de se lixar pra tudo isso, para as regras
que a nova onda social impôs. Se lixar pra isso tudo ainda se faz necessário
nesse mundo ou tudo acaba numa introspecção absurda. E logo alguém que se
mostra “muito preocupado” contigo vai dizer que você está em num processo de depressão
profunda e te indica um médico. E tome remédio! Ainda bem que nesses casos não recomendam
supositórios...
Faz tempo que o melhor da vida é viver.
Mas faz muito mais tempo que o ser humano esqueceu de
viver. De querer, de desejar, de sentir e até de amar. Diz eu te amo como quem
pede um lanche no bar da esquina. Prefere as coisas mais estranhas e esconde o
que de melhor possui: o sentimento.
Escutar uma música e deixar fluir pensamentos é muito bom
aos vinte e aos sessenta. Onde está a diferença? Talvez no gosto musical,
sabe-se lá, mas música é música e ela existe pra tanto, pois alguém que um dia
a compôs o fez deixando o sentimento aflorar.
Nesse ponto não tenho qualquer complexo.
Me sinto feliz até mesmo com a espera de ter aquilo que
mais quero e me faço feliz pensando.
Evoluo colhendo o que plantei, ainda que tenha plena
certeza que a colheita nem sempre é abundante porque depende demais do plantio.
Sou chato sim, assumo.
Mas ninguém é perfeito.
E sou daqueles que abre a porta do carro, dá lugar na
mesa e paga a conta.
E se um desses babacas politicamente “incorretos” vier me
chamar de otário a eles dou de presente uma banana e um belo foda-se pela cara
adentro.
Por que não?
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