É normal que muita gente entenda o amor de forma
diferente.
As visões são dispersas, a equivalência é complexa e um
tanto distante. Mas o amor é um sentimento tão abrangente que se torna
impessoal. Ora, todos nós amamos hoje, amaremos amanhã ou amamos algum dia. E todas as
vezes que deixamos de cuidar desse sentimento ele morreu.
Seja através de vivências próximas ou até longínquas, quando
encontramos o amor via-de-regra não sabemos o que fazer com ele. Simplesmente
porque gastamos tempo demais com análises patéticas e imperfeitas.
Tivéssemos a noção correta faríamos de outra forma. É
sempre assim.
Lamentamos, porque não sabemos conviver com o inesperado.
Fosse simples, fácil, obvio, não seria um sentimento tão raro. Sim, porque o
amor não se escolhe nas lojas, num shopping ou numa esquina de grife. Colecionar
casos, flertes, “ficantes” é tão banal quanto dar três passos.
Mas amar é complicado. E coisas complicadas normalmente a
gente deixa pra resolver sempre depois. E com isso a vida passa e tudo vira
história pra contar mais tarde.
Não se cultiva um amor com dúvidas e com queixas. O pouco
é muito, é intenso, e qualquer valor que se apregoe a pequenas gotas de um
sentimento que faz o peito vibrar e os dias ficarem mais lindos precisa ser
cuidado.
Nós costumamos dizer que sabemos amar. Achamos que
pensamentos e atitudes são suficientes pra expressar nossa capacidade de
conviver com alguém. Entretanto, a convivência é um ciclo e todo ciclo se
renova. Então, se uma renovação se faz necessária, a ordem natural dos fatos
deveria nos levar a visão de que sem entender os atalhos jamais se completa o
caminho. Porque se amar é um sentimento comum a duas pessoas é legitimo
imaginar que esse caminho se percorre dividindo os passos.
Claro que você pode e deve amar mais de uma vez. De todas
as mudanças que a vida nos proporciona apenas os sentimentos permanecem
intocáveis. E o amor é um deles, talvez o mais evidente. Porque ele é o mesmo
que te desperta em todas as fases da vida e tem o dom de te fazer feliz e
sofrer com a mesma intensidade.
Por isso, o que nós devemos fazer é aproveitar a chance
pra tudo não terminar numa conversa de fim de noite no fundo de um bar, numa mesa
rodeada de amigos e copos e garrafas vazias.
Edgard Scandurra e Zélia Duncan. Abraços e Brigas.