Engraçado que faz bem pouco tempo falava da chegada à
meia idade.
Um negócio novo, excitante. O sujeito se sente no limiar,
maduro e assertivo em quase tudo.
Pensando bem, a meia idade livra o cidadão da pecha que
lhe atribuem da tal crise dos quarenta, embora tudo pareça uma grande babaquice
diante da vida.
Os pensadores criaram etapas pra justificar o óbvio:
envelhecer.
É evidente que hoje em dia o ser humano tem uma vida mais
longa. Se mantém ativo em idades que há não muito tempo conotariam
aposentadoria. O que me leva a crer que essas frases feitas e manjadas provêm
de uma época em que a meia idade era o prenúncio do popular pé na cova.
Mas agora cabe uma reflexão.
Porque a tal da meia idade passou e chego à metade da fração.
Pra ser mais exato, cinco anos a mais são motivos
suficientes pra pensar em alguma coisa.
Então é o momento de começar a enxergar com bons olhos o
que antes me parecia bastante improvável. Ser avô? Parar de usar bermudas nos
finais de semana e deixar as gírias de lado?
Não, nada disso.
O corpo pode reclamar das dores nas costas depois de um
engarrafamento, as idas ao médico anualmente tornam-se um hábito, até o exame
de próstata altamente necessário e chato pra burro, mas se a mente se mantiver
atenta, ventilada, e, com isso, os tantos motivos de alegria forem reinventados
a cada dia, apenas as velinhas do bolo trarão a conta certa.
Tenho orgulho de ser um coroa arejado. Encaro bem essa!
Claro que tenho saudades de muitas coisas inclusive de
épocas. Mas quem não tem?
Entretanto, tenho a certeza absoluta, e cada vez mais me
convenço disso, de que faria tudo outra vez. Viveria todos os meus dias até
aqui sem qualquer problema.
Nada a lamentar.
Talvez se um dia ficar broxa possa vir a lamentar e
muito, mas até lá é bem melhor celebrar a vida e fazer dela sempre uma nova
alegria.
Problemas? Eles começam cedo e não param de aparecer até
que o Zé Maria te coloque na lista de embarque. Sacou?
Eu as gírias de novo...