quinta-feira, 22 de março de 2012

A Síntese da Dor de Corno


Dor de corno não é apenas sofrer por um amor perdido, é pior; é sofrer por alguém que na cara dura te trocou por outro. Por isso, o nome é sugestivo.
É realmente um estranho sentimento.
Você pode ter problemas de grana, estar perturbado por algo muito forte, mas tirando as dores de cabeça normais, pinta um final de semana e dá até pra deixar de lado. Você arranja diversão, vai aqui e ali e na Segunda volta a se preocupar.
Mas se for dor de corno você está enrascado. Esquece.
Porque ela dorme contigo, te faz despertar do sono e quando acorda a primeira coisa que você faz é lembrar que ela existe.
A pessoa que sofre desse mal no começo não deixa transparecer. Não divide, por vergonha, por receio que numa possível futura volta os amigos olhem desconfiados esse retorno. Mas com o passar dos dias, e perante o desespero iminente, ele abre o jogo. Costuma apelar aos amigos para que se intrometam e tenta por todos os meios ter de volta aquilo que perdeu.
E há coisas piores.
Cartomantes que prometem a pessoa amada de volta, despachos em cemitérios, roubo de cuecas ou calcinhas, enfim, vale toda e qualquer estripulia pra trazer de volta quem perdeu.
Por outro lado, a dor de corno tem outras características, sendo algumas bastante simpáticas.
Por exemplo: se a pessoa anda com uns quilinhos extras a falta de apetite causa uma espécie de emagrecimento forçado, quando não o fazem por vontade própria na ânsia de provar ao parceiro desertor que é possível melhorar a aparência. Sempre pensando, é evidente, na possibilidade do retorno.
Na contramão, a dor de corno esconde preferências. Vira desculpa pra tomadas de posições.
Não é tão difícil ver pessoas que apregoam ojeriza ao sexo oposto após um “suposto” rompimento. O sujeito diz assim: “depois do que ela me fez não quero mais saber de mulher”.
E vice-versa. Com isso, está explícita a desculpa tão necessária pela escolha da homossexualidade.
Pois dor de corno é um assunto tão sério que chega a assustar.
Conheço um cidadão que conseguiu a proeza de ter dor de corno por um amor platônico. Incrível. Supostamente envolvido com alguém que nunca soube de sua paixão, ele sofreu horrores quando avistou sua musa nos braços de outro e passou o diabo. Pode isso?
Esse realmente adorava um amor inventado...
Dor de corno chega a causar mudanças de comportamento, ainda que momentâneas.
O roqueiro inveterado cheio de tatuagem espalhada no corpo curtindo musicas bregas com letras exaltando a perda de um amor. Mulheres à beira de um ataque de nervos com crises convulsivas de choro e psicólogos que engordam a conta bancária. Todos são casos que se repetem.
E não há nada que resista a uma crise de dor de corno. Nem simpatia existe.
O sujeito em plena crise é levado a uma orgia e colocam em suas mãos uma linda mulher esculpida em detalhes que não faz o menor efeito. Ele quer aquela que perdeu, ainda que não chegue nem perto da que lhe ofereceram.
Dor de corno é um fenômeno que não tem explicação e não tem remédio.
Mas a grande vantagem de sofrer de dor de corno é saber que por pior que sejam os efeitos a causa é uma só: você amou de verdade.
Quer tentar?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Aventura


Noutro dia assistia ao Corujão do Esporte na Globo por pura falta de sono.
Mas me chamou a atenção uma frase do Erasmo Carlos dizendo que essa geração tem muito que se orgulhar por ter vivenciado, e ainda vivenciar, compositores que realizaram grandes coisas.
É fato, o Tremendão tem razão. Dos anos sessenta até a virada do século uma enxurrada de coisas boas está aí pra que todos achem a música parte de suas vidas.
E no meio dessa galera que sabe fazer música, existem aqueles que além dessa virtude conseguem cativar as platéias com um algo mais. É o caso do Eduardo Dussek.
Assisti ao DVD “Dussek é Show” e digo: é fantástico.
Diverte pela interação público-artista e pela qualidade das canções.
E dentre tanta coisa bacana destaco Aventura, e posto abaixo a parte do show em que além dessa obra da MPB o cara prova que é um autêntico showman...

Vale muito assistir

quarta-feira, 7 de março de 2012

Noite Divina




A noite de 30 de Abril de 1981 reunia dois encontros. Uma galera interessada na constelação de astros que se apresentariam no show do trabalhador, já que era véspera do dia do trabalho, e de um povo que queria o terror instaurado com bombas no carro prestes a causar uma tragédia.
O tiro que saiu pela culatra acabou marcando esse dia e pouca gente se lembra da beleza proporcionada pelos artistas e pelo público, alvos vivos da intolerância que se planejava dentro do Riocentro.
Vale lembrar que o show do trabalhador não era um movimento orquestrado por nenhum partido político e o desejo pela abertura total e por eleições diretas foi uma comoção social do começo dos anos oitenta.
O povo queria um negócio chamado liberdade, e, por isso, encontrava em refrões de canções populares da época uma razão pra dar seu grito de basta! Daí me lembrei do Ivan Lins e sua bandeira do divino.
Simplesmente espetacular!

Quatro anos depois durante o Rock in Rio (Primeira edição) muita gente ainda tinha na lembrança aquela noite de 30 de Abril e curtiu ao ar livre trechos de um hino religioso e fez a sua devida conotação política numa época em que a liberdade então surgiu.

Vale rever.

quinta-feira, 1 de março de 2012

En la Ciudad de la Furia


Soda Stereo, Buenos Aires, Argentina...
Não precisava outra frase pra definir esse momento.
Mas o Soda Stereo em seu ultimo concerto em 1997 liderado por Gustavo Cerati, que ainda resiste em coma depois de tanto tempo, realmente fez história.
Os acordes que seguiram embalados por uma multidão foram limpos e audíveis como sempre, mostrando que uma música como essa não se faz impunemente. É pra ficar pra sempre.