terça-feira, 27 de julho de 2010

Cerati “4 Ever”



Foi um encontro casual.
Era outono de 1996 e o Facu havia marcado um café pelos lados da Recoleta em Buenos Aires. Amigo de longa data, Facundo me esperava tranqüilo naquela tarde de sol tendo a companhia de uma pessoa que já havia se tornado um ícone da música argentina.
Naquele dia conheci pessoalmente Gustavo Cerati.
Na época, a frente da banda Soda Stereo, ficou impressionado devido ao vasto conhecimento que eu arquivara de seu trabalho. Falei de minha relação com a música aqui no Brasil e da minha paixão pelo que se fazia, e ainda se faz, em terras portenhas.
Nossos contatos seguiram por todos esses anos e mesmo após a derrocada anunciada do Soda Stereo um ano depois do primeiro encontro, estive presente em várias apresentações solo do Cerati nos diversos lugares de Bs.As.
Hoje, Cerati luta contra um AVC sofrido durante um show na Venezuela em maio passado.
Seus milhares de fãs em toda a Argentina e pelo mundo afora, mandam vibrações positivas e esperam vê-lo de volta aos palcos com sua inseparável guitarra.
Nesses momentos a impossibilidade sucumbe e a lembrança plasma cenas imaginárias de que é possível voltar à fita e ter o Cerati no palco outra vez. Assim é a relação entre ídolos e seus admiradores.
Noutro dia conversando com o Léo Vinhas, que sabe tudo e um pouco mais sobre música boa e audível, parei pra pensar e me dei conta de que muita gente aqui por essas bandas nunca escutou falar de Cerati, de Soda Stereo, dos Fabulosos Cadillacs, do Fito Paez, ou seja, toda a sonoridade que os ventos dos pampas Argentinos trazem são deletados por uma barreira preconceituosa que insiste em não voltar os olhos ao que de bom chega dos nossos vizinhos.
Talvez se algum argentino boiola rebolar a bunda como um Rick Martin e fizer sucesso na terra do Tio Sam, as menininhas fiquem transloucadas e a mídia idiota passe a notar o que sempre desprezou.
Há uns dois anos não troco mensagens com o Gustavo, por pura falta de tempo de ambos, pela vida agitada que arrasta sem ter dó, ou por outra razão qualquer.
Mas basta ouvir seu acorde, seu vocal inconfundível que o sangue ferve nas veias.
Sinceramente, não tenho certeza se ainda terei a chance de trocar figurinhas com o cara, e tão pouco imagino que ele possa subir ao palco pra mostrar como se faz e toca Rock and Roll, e se ainda assim ele não puder se lembrar do que foi por força das circunstancias, haverá alguém pra dizer que Gustavo Cerati viverá para sempre enquanto a música de qualidade existir.
¡Fuerza Pibe!

Trátame Suavemente
Soda Stereo - Ultimo Concierto (1997)

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