Pois se é verdade a teoria de que uma vez dito a alguém o
segredo inexiste, ele precisa de cumplicidade para sobreviver.
A questão da cumplicidade é ampla. Ela começa com o
respeito, com o convívio e, principalmente, na conjunção de interesses. Muitas
vezes o que nos parece distante está ao alcance dos olhos.
Porque ninguém constrói o personagem perfeito.
Aprende-se a viver com ele ou nos imaginamos sem ele.
Ele pode representar o presente, reacender um passado ou
ser uma pretensão futura.
O que se tem noticia, porém, é que quando o coração se
intromete a cumplicidade é tão perfeita que parece fruto da própria imaginação de
quem um dia ousou pensar na existência dos fatos.
E a certeza da cumplicidade nos faz criar coragem e
seguir.
Nenhum grupo ou artista popular da música mundial atraiu
um público tão diversificado como os Bee Gees. Por três décadas esses caras
deram as cartas e se tornaram uma lenda no que se convencionou chamar de Música
psicodélica pop progressiva.
Afinal, alguém tinha que definir a música dos Bee Gees.
Desde as primeiras audições no final da década de cinqüenta
quando eram conhecidos como “Gibb Brothers”, os irmãos Barry, Robin e Maurice,
sendo os dois últimos gêmeos, chamaram a atenção pela harmonia perfeita
enraizada em três vozes que eram atraentes individualmente e se fundiram de
maneira perfeita.
Poucos sabem que eles são Ingleses, talvez pelo apego a
musica country americana e viagens ao soul music, então, os Bee Gees desembarcaram em
Londres em meados dos anos sessenta de volta de um começo conturbado na
Austrália aproveitando o fenômeno dos Beatles que atraia os olhares do mundo
pop para a terra da Rainha.
Depois de alcançar imenso sucesso e aparecer no topo das
paradas com singles que até hoje são executados, os Bee Gees produziram o álbum
“To Whom it May Concern” que foi esquecido pela crítica e fez o grupo cair num
abismo profundo, sendo resgatados por Eric Clapton que os aconselhou a mudar de
estilo passando a ser produzidos por Arif Mardin.
O novo disco “Mr. Natural” de 1974 explodiu e
alcançou vendas tão extraordinárias que chegou a suplantar nomes como Elvis
Presley e os próprios Beatles.
A ênfase estava em ritmos dançantes com harmonias
elevadas e uma batida funk. E Barry Gibb assumiu a liderança do grupo que pela
primeira vez cantou falsetes e descobriu que poderia encantar o público com
essa dança de vozes.
Essa mudança os pôs na cena “Disco” definitivamente e
eles foram à luz do álbum Saturday Night Fever já no final dos anos setenta que
se sustentou 24 semanas no topo das paradas mundiais.
Dessa época em diante os Bee Gees escreveram sua história
e se tornaram uma lenda.
A perda de seu irmão mais novo Andy Gibb que fazia estrondoso
sucesso em carreira solo nos anos oitenta abalou os Bee Gees, mas eles seguiram
compondo e se apresentando para platéias que se aglomeravam para ver os ícones
de várias gerações.
A morte de Maurice Gibb em 2003, gerou um processo
doloroso sobre erro médico e determinou o fim dos Bee Gees. Os irmãos Barry e
Robin seguiram se apresentando esporadicamente. Já em 2010, Robin se retirou
dos palcos após lutar contra um câncer e um ano depois passou por cirurgia para
a cura de uma doença que havia vitimado seu irmão gêmeo Maurice. Hoje, agoniza
em coma e não se sabe como e se irá se recuperar.
Pra fechar esse papo um vídeo com uma das melhores
performances do grupo.
One Night Only é o segundo álbum ao vivo oficial da
carreira do grupo.
Vendeu até hoje cerca de seis milhões de cópias, sem
contar todas as vezes que foi copiado e/ou reproduzido ilegalmente. O show fez
parte da turnê One Night Only, e foi gravado em Las Vegas, no teatro MGM Grand,
em 1997.
Certamente você já se pegou blasfemando contra a própria
sorte, lamentando por pouco e sonhando com muito. A vida é cheia de nuances,
curvas e caminhos.
Pois é, se imagine num trem.
Não conte as estações porque elas são paradas e tudo que
você quer nesse momento é movimento, ação e uma viagem. Mas toda viagem deve
ter um destino. Pouco importa até que você não saiba aonde vai chegar, já que o
destino às vezes é um imenso pátio vazio com folhas secas ao vento.
E por que se importar com isso se o que interessa é a viagem?
O importante, nesse caso, é aproveitar tudo que os olhos
possam ver e o coração guarde como relíquia, ainda que se mostrem como
cicatrizes indeléveis que se toca com os dedos e depois esfumaça com o tempo...
Ah, o tempo!
Testemunha viva de tantas viagens que sonhamos e não fizemos,
ou àquela que fizemos sem sonhar. E desafiar o tempo é uma das coisas mais
interessantes que se tem noticia.
Daí eu fecho os olhos, escuto uma canção e vejo que meu
trem dessa vez tem um destino traçado. Eu paro, olho e escuto. Da cancela vejo
passar outro comboio vindo de Mossoró, bem ao norte, um lugar onde um dia olhei
pela janela do avião e descobri que meu destino estava mesmo no hemisfério sul.
Este humilde texto e a música dedico a uma amiga que mora
em dois lugares: numa cidade que me viu voltar um dia e do lado esquerdo do meu
peito!
Já viajei em muita musica boa dentro da minha humilde existência.
Algumas postei aqui, escrevi longos textos e exibi vídeos.
Pois se existe uma banda responsável por muitas dessas viagens ela responde pelo nome de “O Terço”.
O Disco 1974 jamais perdeu lugar na minha estante assim como tantas outras coisas boas desses caras.
E o repertório é tão consistente que muitas músicas poderiam fazer parte dessa postagem.
Várias vezes eles subiram no palco. Algumas têm registro em DVD, como esse show no Canecão em 2005 onde Flavio Venturini, Sérgio Hinds, Sérgio Magrão e Sérgio Melo mostraram porque uma geração ama tanto suas canções.
Pra fechar a conta algo que eu gosto muito.
Haviam várias músicas, claro, mas Casa Encantada é qualquer coisa especial e representa a razão de seguir nessa viagem há tanto tempo...
Pra quem não conhece, simplesmente “O Terço”.
Pra quem gosta, aprecie sem moderação.