quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Desperdício



Muitos concordam que existe grande importância em realizar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Divisas, turismo, empregos, tudo isto é parte das vantagens de ter um evento mundial de grandeza indiscutível no país.
Há muito que fazer. Transportes, modernização de vias, aeroportos, trens submersos, o pacote de sonhos onde viver numa terra decente é o principal objetivo não minimiza a necessidade de esforços públicos e privados, de uma forma correta e sensata.
Porém, quando se destrói o que foi construído a menos de três anos há controvérsias.
O Estádio Mário Filho, o Maracanã, é o retrato do nosso dinheiro a caminho do ralo.
Se existia o desejo de realizar aqui o campeonato do mundo, por que remodelar um estádio, gastando uma fortuna para destruir alguns anos depois?
Ora, o que o Comitê Olímpico aceitou a FIFA não endossou.
É o que se diz, é a principal desculpa para justificar os quase quatrocentos milhões de Reais investidos em 2007 que agora desmorona sob a chancela do poder público.
Ah, sempre o poder público...
Não bastasse essa barbárie insana de governantes irresponsáveis, o que irrita é o silencio maldito dos meios de imprensa, anestesiados com a possibilidade do lucro certo com a realização e comercialização do evento.
Gasta-se o nosso em benefício deles. Sempre eles!
O Maracanã tombado pelo Patrimônio por fora e vilipendiado por dentro é o retrato da incompetência e ganância em doses iguais.
O Pan-Americano de 2007 foi um aperitivo para estes senhores engravatados que há anos arrastam o país à lama por sua pouca visão, intolerância e letargia.
Não me digam que os tempos eram outros, que ninguém tinha a certeza do “SIM” da FIFA, porque estes senhores que realizaram os jogos são os mesmos que continuam na mesma cadeira, e com a mesma caneta na mão selando o destino das verbas que pagamos a cada cheque emitido, a cada imposto pago.
O Estádio foi fechado prematuramente para dar uma “satisfação” à entidade maior que governa o futebol no planeta, porque do lado de fora nada foi feito e sequer planejado.
Os clubes que morram.
O futebol que apodreça.
Pois basta calar a boca dos miseráveis que comandam estas instituições falidas à beira da mendicância com pequenas doses de loterias, de isenção de dívidas, com sobras, restos e promessas.
Rasgou-se o Estatuto do Torcedor que foi parar no mesmo bueiro onde repousam os gastos da reforma de 2007.
O Maracanã, o nosso Maracanã reabre em 2013 ou sobreviverá até a próxima reforma...